
Com pouca área para expansão, cidade fica cada vez mais vertical.
Com o dia a dia cada vez mais acelerado, o que as pessoas mais anseiam atualmente é por uma melhor qualidade de vida. Ter mais espaço (dentro e fora de casa) para atividade ao ar livre, poder receber os amigos no conforto do lar – ou até mesmo no playground do prédio. Segurança, lazer e mobilidade (morar perto do trabalho) também estão entre as principais demandas de quem mora em um grande centro urbano como Salvador.
Neste domingo, 29, a capital baiana completa 466 anos e esses são alguns dos desafios a ser “enfrentados”, daqui para frente, por arquitetos e urbanistas – além da indústria da incorporação imobiliária. E como uma forma de homenagear a cidade, A TARDE consultou especialistas para saber qual o “futuro” da arquitetura em Salvador.
De acordo com o arquiteto Antonio Caramelo, soluções hoje consideradas como sendo “básicas” – a questão da segurança residencial, da preferência por empreendimentos com características sustentáveis e condomínios-clube – são mudanças significativas que acompanharam o desenvolver da sociedade e suas necessidades e que começaram a ser notadas há cerca de 30 anos.
“É para se adequar a esta demanda que os empreendimentos vêm oferecendo itens tão diversos, como cinema, espaço gourmet, trilha verde, circuitos para cooper, academia, spa, entre outros. Outra mudança relevante consiste na
redução do tamanho dos apartamentos, seguindo a tendência de núcleos familiares menores. O que perpassa esta evolução é exatamente a história da cidade, sua economia, os costumes e as necessidades dos seus moradores”, conta.
Densidade populacional
Para o sócio-diretor do Sotero Arquitetos – eleito pela revista Wish Casa como um dos 33 escritórios brasileiros “mais relevantes” – Adriano Mascarenhas, a silhueta da cidade deve continuar a espelhar o fato de ser hoje a capital brasileira de maior densidade populacional, ultrapassando os dez mil habitantes por quilômetro quadrado. Ainda segundo ele, esta situação deve ditar a forma de viver do soteropolitano e a feição da sua casa.
“Salvador dispõe de pouca área para expansão de moradia, trabalho e lazer, dentro do seu território, e a tendência de acentuar a verticalização dos seus edifícios, portanto, é evidente. Deriva daí também a contínua diminuição das áreas úteis das moradias, algo já observado nas últimas décadas. São Paulo hoje, por exemplo, já vende apartamentos com 26 m²”, diz.
Ainda segundo Mascarenhas, a arquitetura produzida na cidade deve refletir também a incorporação de novos processos construtivos, baseados cada vez mais na industrialização e diminuição da mão de obra artesanal. Estando atenta ainda aos preceitos de eficiência ambiental, por meio das leis de incentivo e certificações.
“Acredito que a agenda de arquitetos e urbanistas para construir a Salvador dos próximos anos passe pelo zelo e qualificação dos seus espaços públicos e pela incorporação de novos critérios de planejamento, como os novos modos de transporte – entre eles metrô, BRT, ciclovias. A valorização do uso do solo diversificado nos bairros, o trabalho perto da moradia, bem como o resgate da importância da Baía de Todos-os-Santos, na sua força turística e econômica”, afirma Mascarenhas.
Doutor em arquitetura e urbanismo, o professor da Faculdade de Arquitetura da Ufba Nivaldo Vieira de Andrade Junior lembra, no entanto, que, ao passo que escritórios de arquitetura locais têm recebido prêmios no Brasil e no exterior, a maior parte dos edifícios – residenciais ou comerciais – produzidos pelo mercado imobiliário repete a fórmula “do caixote vertical revestido por cerâmica colorida”. Para ele, “falta trabalhar a volumetria (forma)”, diz.
O que faz a cidade ganhar nova feição
Cidade-espelho: Uma maior preocupação com o item segurança, a preferência por empreendimentos com características sustentáveis e condomínios-clube são algumas das mudanças que acompanharam o desenvolvimento da sociedade e da cidade.
Casa compacta: A escassez de áreas para expansão urbana consistiu na redução do tamanho dos apartamentos (imóveis com até 26 m², como os vendidos na capital paulista), seguindo ainda a tendência de núcleos familiares menores
Densidade populacional: Salvador deve continuar a espelhar o fato de ser hoje a capital brasileira de maior
densidade populacional, com cerca de dez mil habitantes por quilômetro quadrado. Isso deve ditar a forma de viver do soteropolitano e a feição da sua casa
Verticalização: Como Salvador dispõe de pouca área para crescer, a tendência de verticalização das moradias é evidente
Segurança: O espaço público – de circulação e permanência –, como calçadas, praças e jardins, tem perdido muito da sua importância social pela ausência de proteção e segurança.
Fonte: UOL
Nenhum comentário:
Postar um comentário